11/07/2022

 

O bem-estar é uma área que tem por objetivo estudar, identificar e reconhecer
as necessidades mais básicas dos animais, por ser uma área interdisciplinar de
conhecimento que tem como objetivo fornecer uma melhor qualidade de vida dos
mesmos (KEELING et al., 2011).

Existem alguns conflitos entre a ideia do bem-estar e uma eficiência na
produção, esses podem ser minimizados ou resolvidos por meio do retorno lucrativo
financeiro que o bem-estar pode trazer se associado ao sistema produtivo. Alguns
exemplos mais claros são índice de mortalidade reduzido, resistência a parasitos e
doenças, com isso se reduz o uso de medicamentos consequentemente um melhor
produto final, satisfazendo os produtores e consumidores finais, e maior valor
agregado ao produto (DAWKINS, 2017).

O bem-estar passou a ser fundamentado por metodologias e por protocolos para avaliar se esses animais estavam livres das
condições adversas do ambiente ou identificar as emoções negativas, como por
exemplo, o medo, a dor, a privação de água, alimento e contato social com outros
animais. Em 1979 o Conselho para o Bem-Estar dos Animais de Produção (Farm
Animal Welfare Council, FAWC), reformulou as “Cinco Liberdades de Brambell” para
“Cinco Liberdades do BEA, se tornando uma referência como conceito, mostrando
que o objetivo principal era manter os animais livres de qualquer condição que possa
prejudica-los, onde devem sempre estar livres de fome e sede, livres de dor e
sofrimentos, livres de desconfortos, livres de estresse e medo, e que sejam livres
para expressar seu comportamento natural (FAWC, 2009).
Ainda é resguardada a importância histórica das "cinco liberdades" para a
ciência do BEA, bem como sua forte influência sobre a formulação de
regulamentações, instruções normativas e recomendações de boas práticas de
manejo (BRASIL, 2008). No entanto, o próprio FAWC recomenda que o princípio das
"cinco liberdades" passe a ser compreendido como um referencial geral do que deve
ser disponibilizado aos animais, e não como um padrão mínimo aceitável de bem-
estar, pelo fato de não incluírem elementos de bem-estar positivo (FAWC, 2009).

Os cinco domínios

O domínio 1, nutrição, está relacionado ao fornecimento de água e alimentos,
que sejam capazes de suprir as exigências dos animais, onde os mesmos devem ter
livre acesso aos bebedouros e aos cochos para fornecimento de dieta líquida ou
sólida (GONTIJO et al., 2020).
8 tóxicos para os animais, como o ferro (> 500 ppm), manganês (> 1.000 ppm), cobre
(> 25 ppm), zinco (> 750 ppm), cobalto (> 10 ppm), iodo (> 50 ppm) e selênio (> 2
ppm).


Em sua maioria a digestibilidade e a sanidade e por consequência a
produtividade do plantel são determinadas pela quantidade e a qualidade da água
ingerida pelo animal. Essa quantidade de água ingerida muda entre as categorias de
animais, por exemplo, os cordeiros novos em amamentação devem ingerir
diariamente no mínimo 0,5 L (SENAR, 2019).
Segundo Pompeu et al. (2009), o período de maior consumo de água são
entre 11h às 14h, provando que nas partes mais quentes do dia, alinhados com o
maior tempo em atividade dos animais que estão em pastejo, esse “líquido” não
pode faltar para os animais. Segundo o NRC (2007), quando o animal é exposto em
temperaturas do ar alta, afeta diretamente na utilização da água, a redução do
consumo de alimentos e a estimulação positiva dos mecanismos fisiológicos do
resfriamento evaporativo e cutâneo.
Deve-se fornecer sempre água limpa e de qualidade, livres de contaminantes,
para os animais, em bebedouros de fácil limpeza e os mesmos tem que ser
desinfetados sempre, para que esses animais possam ter seu desempenho
produtivo de qualidade (SENAR, 2019).

O Domínio 2, ambiente, refere-se as condições de espaço físico, qualidade do
ar, intensidade luminosa, exposição a ruídos, ambiente enriquecido e previsível, que
possa ser capaz de proporcionar conforto aos animais (MELLOR, 2017). De acordo
com Gontijo et al. (2020), neste domínio, precisa-se respeitar as instalações por
categoria animal, higienização das instalações e proporcionar uma ambiência aos
animais, levando em consideração a temperatura ambiente, umidade relativa do ar,
entre outros elementos.

De acordo com Gontijo et al. (2020), o domínio 3 refere-se à ausência de
ferimentos e doenças, realizada por meio de medidas preventivas e rápido
diagnósticos. Dentre as medidas preventivas podem-se citar a higienização das
instalações e equipamentos, vacinações, dentre outras manejos sanitários.
 

No Domínio 4, observa-se o comportamento natural de acordo com as
motivações e necessidades do animal, esse conceito do animal ter a necessidade de
expressar seu comportamento natural é a parte fundamental para que seja
caracterizado o BEA (WECHSLER, 2007)
 

O Domínio 5 se refere ao estado mental, animais podem vivenciar
sentimentos positivos e negativos como, por exemplo: alegria, felicidade, dor, medo,
ansiedade, frustração e a falta de esperança (MELLOR, 2016).
Segundo este modelo, para que seja possível uma ampla avaliação das
condições de bem-estar para todos os cinco domínios, devem ser incluídos15
indicadores que consigam acessar tanto experiências negativas quanto positivas
vivenciadas pelo animal (MELLOR, 2004).

Andressa Lôbo Praxedes Pinheiro, Zootecnista.